maio 5

Como Lidar com a Proximidade da Morte do Seu Cão

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Qualquer pessoa que tenha um cão já passou, ou terá que passar por isso um dia. E a experiência pode ser tão traumática que faz com que muitos tutores afirmem que jamais voltarão a ter um cão, apenas para não terem que passar por isso novamente. A morte é inevitável. E, como os cães têm uma expectativa de vida menor do que a nossa, as chances são que precisaremos, eventualmente, ver os nossos companheiros caninos partirem.

Enquanto os nossos cães são apenas filhotes, este fato parece ser simplesmente ignorado, mas, à medida em que eles envelhecem, a realidade da morte próxima começa a nos espreitar. Mesmo velhinhos saudáveis são motivo de preocupação. Quando se tem um cão de 11 anos, e a expectativa média de vida para a raça dele é de 12 anos, por mais que ele pareça bem, os seus tutores começam a se questionar: “por quanto tempo ele vai continuar bem?”, ou ainda, “será que, daqui a um ano, ele ainda estará vivo?”.

Mas, até este momento, é tudo especulação. Apenas a nossa mania de tentar prever tragédias. Nós sabemos que “expectativas médias” são apenas médias, e que um cão pode viver além daquele período. Até que vem o “tapa na cara”: um diagnóstico de uma doença grave e/ou dolorosa para a qual não há cura. A morte está se aproximando…

É natural se sentir triste, revoltado, e impotente diante desta situação. Mas também é preciso se lembrar de que, apesar de tudo, o seu cão continua lá, contando com você. E que você precisa se cuidar para conseguir cuidar bem dele. Veja a seguir algumas dicas para manter a sua saúde emocional enquanto cuida do seu cão terminal:

1. Informe-se.

Informação é poder. Encare o problema de frente, e busque saber tudo sobre a doença que aflige o seu cão. Procure compreender o que está acontecendo com ele, quais as opções de tratamento, e o que pode fazer para tornar a vida dele (e a sua) melhor. Se tiver dúvidas, pergunte ao seu médico veterinário, e não hesite em buscar uma segunda opinião caso esteja se sentindo inseguro.

O Meu Cão Velhinho vem publicando artigos sobre a saúde e bem-estar de cães idosos há mais de 5 anos, provavelmente você conseguirá encontrar alguma informação para ajudá-lo! E estamos sempre abertos a responder perguntas e receber sugestões de temas.

Imagem: Safe Bee

2. Escolha entre “tratamento” e “cuidados paliativos”

Esta decisão é difícil, quase tanto quanto a própria eutanásia. Muitas doenças podem ser tratadas, embora a chance efetiva de cura nem sempre seja das melhores. Um exemplo disso é o câncer. Muitos tipos de câncer podem ser tratados com cirurgias, quimioterapia, radioterapia, e outros recursos. Então, vem a questão: vale a pena tratar? o tratamento vai realmente ajudar, ou só trará mais sofrimento?

Já debatemos especificamente a questão do tratamento do câncer neste artigo, e existem várias outras doenças que podem suscitar este tipo de dúvida. Conforme o caso, seja porque o cão já está muito debilitado, seja porque o tutor considera que o tratamento trará  muito sofrimento, ou até mesmo por uma questão financeira, pode ser que se opte por não tratar a doença. Mas não tratar a doença não significa “abandonar” o seu cão e deixá-lo sofrer.

Existe uma alternativa, que são os cuidados paliativos. Estes cuidados não se prestam a curar doenças, mas sim a melhorar a qualidade de vida de um paciente terminal. Normalmente, eles envolvem a redução da dor e a diminuição de outros desconfortos que possam afligir o paciente, como vômitos e diarreia. Converse com o seu veterinário, com os seus amigos e parentes, e decida. Tratar ou cuidar?

3. Peça ajuda

Cuidar de um animal doente pode ser exaustivo, tanto física quanto psicologicamente. Alguns tutores podem chegar até mesmo a ter problemas de saúde e sintomas de “burnout” (veja o artigo), tamanha a sobrecarga emocional. Não hesite em pedir ajuda a qualquer pessoa que esteja disponível: o seu parceiro(a), pais, filhos (desde que sejam adultos, ou maduros o suficiente para ajudar a cuidar do pet), vizinhos, ou amigos. Esta ajuda pode ser qualquer coisa que lhe permita ter um pouco de tempo para cuidar de si: a pessoa pode levar o cão para passear, ou ela pode ficar com ele enquanto você sai, caso ele não possa ficar sozinho; ou, ainda, a outra pessoa pode ajudar a cuidar da higiene do ambiente ou do próprio cão, a dar os medicamentos na hora certa, etc.

Se não tiver um amigo ou parente que se disponha a ajudá-lo, considere contratar ajuda. Um pet sitter, um enfermeiro, ou um auxiliar veterinário que possa ir à sua casa pode ser muito útil! Além de liberar tempo para você, estas pessoas normalmente sabem lidar bem com cães e reconhecer eventuais emergências.

4. Busque apoio emocional

Não é nada fácil passar por tudo isso sozinho. Lidar com a proximidade morte de um animal querido pode ser tão doloroso quanto perder um parente ou amigo humano. Para algumas pessoas, até mais.

Apesar disso, muitos tutores se sentem incompreendidos em sua dor. Julgados por outras pessoas que dizem que “é apenas um cachorro”, e que “depois você compra outro”. Não perca tempo tentando se justificar. Procure alguém com quem possa conversar abertamente sobre o problema, alguém que entenda o que você está passando. Você conhece alguém que ama cães? então, é essa a pessoa certa.

Um ombro amigo pode ajudar.
Imagem: Debtround

Na internet, também é possível encontrar grupos de apoio. Na página do Facebook do Meu Cão Velhinho, por exemplo, há diversos tutores que compartilham as suas experiências e sentimentos. Isso pode ajudá-lo a se sentir melhor.

5. Esteja presente

Você está sofrendo com um luto antecipado, pela morte do seu cão que ainda não ocorreu. É natural e totalmente compreensível se sentir assim, mas lembre-se: o seu cachorro ainda está vivo. Ele vive no presente, e, apesar de que talvez esteja sofrendo por conta de alguma doença, não está muito preocupado com a proximidade da própria morte. Ele está preocupado, sim, em receber carinho e atenção do seu tutor. É isso o que faz com que ele se sinta melhor.

Tente deixar de lado os seus medos e sentimentos negativos, e lembre-se de curtir o momento junto com o seu cão. Faça carinho, aproveite para estar com ele, brinque e leve para passear. Se ele não conseguir caminhar, um carrinho de mão pode ajudá-lo a transportar o peludo num passeio pela vizinhança. Sentir novos cheiros, ver coisas diferentes, e ouvir sons de fora de casa farão muito bem a ele (veja minhas dicas para cães que não andam aqui).

6. Lembre-se de que você sempre fez, e fará, o melhor pelo seu cão

Ao receber um diagnóstico de doença terminal, ou ao perceber que o seu cão está sofrendo com alguma condição dolorosa e incurável, é fácil o tutor se culpar. “O que eu fiz de errado?”, “Será que o meu cão teria câncer, se eu tivesse dado a ele outro tipo de alimentação?”, “Será que ele tem artrose porque eu o levava para correr e saltar?”, e assim por diante.

Esqueça isso tudo. Você ama o seu cão, e tudo o que fez até hoje, foi pensando no seu bem. Lembre-se de todos os cuidados que já teve com ele – das vezes que o levou para passear, para viajar, que levou ao veterinário, deu medicamentos, ou que simplesmente lhe deu amor e carinho. Você pode pensar que talvez pudesse ter sido um melhor tutor para o seu cão, e que agora é tarde demais para “consertar”.

Imagem: Fox 8

Não se arrependa. Viva no presente, assim como o seu cão. Dê a ele os cuidados que ele merece, e, se achar que poderia fazer algo melhor, faça daqui para frente. O seu cão sempre te amou, e continua te amando. E, lembre-se: qualquer decisão tomada com amor não pode estar errada.


Você também pode gostar:

  1. Tenho cinco peludinhos. Dois já estão idosos e sei que um dia desses poderão ser diagnosticados com alguma doença incurável e dolorosa. Estou psicologicamente preparada porque quero para eles exatamente o que quero para mim (também sou idosa). Cuidados paliativos que nos tirem a dor e o sofrimento inúteis. E, se necessário, eutanásia. Da minha parte já tenho até o meu “Testamento Vital”, para que meus filhos não permitam prolongar o meu sofrimento infrutífero. Não se deve temer a morte

  2. O meu filhinho virou estrelinha ha 10 meses , ainda sofro muito com a falta dele , vcs do meu cão velhinho me ajudaram muito na fase que eu tive que enfrentar , todas as postagem que vcs faziam me ajudava de alguma forma , obrigado pelos esclarecimentos , vcs são maravilhosos , bjosssssss !!!

  3. Estou passando por isso agora. Não sei o que fazer. Minha cachorrinha de 12 anos está com cancer, mastocitoma o mais agressivo que é na parte traseira. Já fiz 4 tratamentos, nenhum resolveu. Estava fazendo o tratamento top. O caroço do tumor esta tao grande, que ela faz cocô com dificuldade, tem horas que fica com respiração ofegante, com o rabinho baixo e contraindo o abdômen…mas tem horas que fica esperta, abana o rabo, come…segundo a oncoveterinaria não tem mais o que fazer para o tumor.
    Estou certa que ela está sofrendo, mas na dúvida da eutanásia

    1. Olá, Cristina!
      Sinto muito por esta difícil situação… =(
      Caso esteja cogitando a eutanásia, tenho dois artigos que podem ajudá-la a refletir sobre o assunto e a tomar uma decisão bem informada:
      – Sobre a decisão da eutanásia: https://www.meucaovelhinho.com.br/artigos/bem-estar-animal/aquela-palavra-com-e-2/
      – Sobre como a eutanásia funciona, e o que o animal sente:https://www.meucaovelhinho.com.br/artigos/bem-estar-animal/eutanasia-o-que-o-animal-sente/

      Já se você optar por cuidados paliativos, tenho um outro artigo que também pode ajudá-la: https://www.meucaovelhinho.com.br/artigos/bem-estar-animal/cuidados-paliativos-para-caes/

      Um grande abraço no coração!

  4. Nunca li algo tão confortante, é exatamente a descriçao do que estou passando com meu Romário de 17anos, diagnósticado com neoplasia testícular (tumor) e problemas cardiocos,o tumor pode até ser retirado mas devido a idade e os problemas cardiocos talvez não suporte a cirurgia, optei por ficar mais tempo comigo mesmo que doente e só perde-lo naturalmente,ao ler esse artigo vejo que tomei uma decisão acertada,e sinto-me confortado ao ler tudo isso uma vez que não tive opnioes externas conselhos e tudo mas,se já me dedicava a ele ,agora ainda mais ,quero tornar esses momentos finais os mais preciosos possíveis para ele é para mim.Muito Obrigado.

    1. Sinto muito pela situação difícil em que se encontra, mas fico feliz em poder ajudar a reconfortá-lo neste momento tão delicado. Que vocês consigam ainda compartilhar muitos momentos de carinho e amor, e que Deus lhes abençoe! Um grande abraço no coração!

  5. Perdi minha Lis há uma semana… Não está sendo fácil; nada,nada…Ainda não me sinto capaz de amar outro cãozinho, nem tão cedo…
    Aproveitando pra recomendar o blog da Dra. Bárbara; é muito bom.
    Pedi pra sair da listagem porque me faz sofrer; e só por isso.

    1. sinto muito pela sua perda… tenho certeza de que está sendo muito difícil! =(
      Não tenha pressa em levar outro cãozinho para casa, realmente é muito importante que você consiga superar esta perda antes de pensar nisso.
      Muito obrigada pelos elogios, e com certeza você será muito bem-vinda caso decida retornar em outro momento.
      Um grande abraço no coração, e que Deus te dê força neste momento difícil! <3

  6. Tenho um parceiro canino “cão-deirante”, um golden-retriver de 15 anos! Ele tem 2 carrinhos: uma cadeira de rodas de minha mãe adaptada para ele e um carro plataforma para passeios em terrenos irregulares. Adora passear e, de vez e quando, desce e faz 1 xixi ou 2 e o recoloco no carrinho. mesmo velhinho e com displasia bilateral e muita artrose nas patas, ainda adora sair e encontrar outros cães. Agora estamos enfrentando a aproximação da morte e aproveitamos cada dia mais. Sou contra medidas extremas e sim a favor de cuidados paliativos. Ele tem uma FB page:

    https://www.facebook.com/MoisheS%C3%A9pia-245879552528133/

  7. Minha filha de 4 patas é bem idosinha e está com cancer de figado. Segundo seu vet não existe mais jeito. Apenas dar-lhe um final de vida agradavel. Estou dando alimentos caseiros (nada de ração). procuro balancear refeições com arroz integral, carnes brancas, legumes (tudo cozido – tipo risoto). ela ama a comidinha. tbem toma remedios para o figado e vitaminas que complementam sua alimentação. Infelizmente sei que o dia “D” chegará mas não me sinto ainda confortável para optar por este ou aquele tratamento (eutanásia x paliativos). Realmente, não sei qual será minha reação e atitude quando o quadro piorar. Sofro muito com isso.

    1. Olá, Carmen! Sinto muito… =(
      Sobre a alimentação da sua cachorrinha, não há problema algum em oferecer comidinha caseira. Mas tenha em mente que é importante você obter uma orientação nutricional para que a dieta dela fique realmente balanceada. As necessidades nutricionais dos cães são bem diferentes das nossas, e mais ainda em situações especiais como a da sua cadelinha que tem problemas no fígado. Por isso, mesmo que você tenha hábitos alimentares saudáveis, é preciso saber que uma dieta equilibrada para um humano não é igual a uma dieta balanceada para um cão. Tem mais algumas informações sobre a alimentação de cães com problemas hepáticos nesse artigo aqui: https://www.meucaovelhinho.com.br/artigos/nutricao/dieta-nas-doencas-hepaticas/

      Já em relação à decisão de fazer a eutanásia ou não, é algo bastante pessoal e realmente difícil até mesmo de se pensar a respeito. Mas, por mais difícil que seja, é importante você refletir antes que a situação se torne crítica, pois isso tornará as coisas mais claras para você quando o momento chegar (seja para optar por fazer ou por não fazer). Tenho um outro artigo para ajudá-la com isso, caso tenha interesse: https://www.meucaovelhinho.com.br/artigos/bem-estar-animal/aquela-palavra-com-e-2/

      Um grande abraço no coração! <3

  8. Estou muito indecisa quanto ao que fazer com a minha cachorrinha. Ela tem 17 anos, a catarata a deixou cega, mas até pouco tempo atrás ela levava uma vida normal, passeava todos os dias, cada vez mais devagar, mas sempre feliz de sair. Só que ela tem displasia coxo-femural dos dois lados, e agora, desde fevereiro ou março de 2016 ela parou totalmente de andar. Só fica deitada ou se arrasta usando as patas dianteiras.
    Isto veio piorando e no início de abril ela parou de urinar por mais de 30 horas, depois voltou a urinar. A veterinária pediu exames, e uma ultrassonografia constatou pedras na bexiga, muitas e algumas muito grandes. Está a mais de um mês tomando antibiótico e anti-inflamatório além de analgésicos. Mesmo assim, ela sente muita dor, sempre chora ao urinar, é um processo que leva vários minutos e muito angustiante. Ela expeliu oito pedras, com quase um centímetro de diâmetro, mas há vários dias que não expeliu mais nenhuma.
    Trocamos a ração por uma que deve dissolver as pedras, mas ainda não resolveu. Agora ela passou a recusar comer, não aceita os remédios, além de ter diarréias repetidas. Perdeu peso e está muito abatida, só dorme bastante.
    Acabei por parar com os remédios e a ração do tratamento e fiz canja (peito de frango, arroz, cenoura e batata) como sempre fiz quando acontecia alguma diarréia. Isto ela comeu. Mas o tratamento dos cálculos urinários fica prejudicado.
    Sinceramente, não sei o que fazer. Ela está sofrendo e o tratamento não é garantido. E com a idade dela, fico achando que seria melhor apenas deixá-la confortável.

    1. Olá, Célia! Sinto muito por essa difícil situação… =(

      Ao que parece, o tratamento que ela está fazendo já está direcionado principalmente ao conforto dela, e creio que não há muito a se mudar.

      Em relação à dieta, uma opção pode ser você realmente partir para a dieta caseira. Mas, nesse caso, não simplesmente canja, mas seguindo um cardápio elaborado por um nutricionista veterinário. O vet que te orientar irá prescrever uma dieta específica para ajudá-la a tentar dissolver as pedras, que causam muita dor e sofrimento – e, ao mesmo tempo, por ser uma comidinha caseira (e não ração), as chances de ela comer bem melhoram muito.

      Temos a previsão de começar a oferecer orientação nutricional ainda este ano, mas, por hora, devo recomendar que procure um profissional da sua cidade para te ajudar.

      Melhoras para ela!

      1. Muito obrigada pela orientação. Estou sempre em contato com a veterinária, vamos tentar resolver como alimentá-la e deixá-la confortável.
        É muito difícil vê-la com dor e não saber o que fazer.

  9. Parabéns pelo artigo!!! Eu perdi uma filha também pro câncer, fez 1 mês que ela se foi…..eu tive que decidir pela eutanásia…..pois ela ta sofrendo muito e já não tinha mais jeito.
    Mas mesmo assim, eu estou até hoje meio sem chão, jamais achei que teria que fazer isso com um dos meus filhos de 4 patas. E ate hoje isso me dói muito !!!! Eu fiz tudo o que eu pude…mas não foi da vontade de Deus que ela ficasse mais um pouquinho comigo. Artigo é muito bom mesmo !!!!!

    1. Sinto muito, Luthanna… =( tenho certeza de que foi (e está sendo) muito difícil passar por isso.

      Que a sua cachorrinha gora descanse em paz, e que Deus lhe dê força para superar esta fase tão doída.

      Um grande abraço no coração! <3

    2. Tive que tomar a mesma decisão… câncer também… Dói muito, está doendo, mas tenho certeza que tomamos a decisão correta…Minha Lis tinha 16 anos.

  10. Estou nessa situação, meu cão está bem velhinho fazendo hoje 17 anos…não é fácil…mas estou dando muito amor e carinho.

  11. Belo artigo! Sou muito fã de vcs! Parabéns e obrigada por compartilhar conhecimentos tão valiosos.

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