janeiro 28

Os Anjos de Tereza – Parte V

0  comENTÁRIOS

Eu sempre gostei de ficar por perto das pessoas, assim como Shiva e mamãe Ágata. A Gaia gostava também das pessoas e dos outros cachorros, mas era diferente de nós: não fazia questão de ficar dentro de casa, até preferia ficar pelo quintal, que era grande e cheio de árvores e grama, e subidas e descidas, e uma visão da rua que era interessante para nós, cachorros: enxergávamos todos os que passavam em frente à nossa casa, gente e bichos!

Todos nós gostávamos do quintal, tinha cheiros incríveis e diferentes, flores, uma planta que dava um fruto que Shiva gostava de comer, tinha goiabeira, árvore de amoras, rastros de bichos que por lá passavam: esquilos, ratazanas, camundongos, lagartos, uma vez até um ouriço! O jardim tinha terra com estrume, nós enterrávamos ossos nos canteiros…

sol-mesa
Em outubro 2000, “descobriu” esta mesa que servia de casinha

Meu lugar favorito dentro de casa era debaixo da mesa escrivaninha de minha mãe humana. Eu deitei lá desde criança, continuei deitando embaixo dessa mesa enquanto morei naquela casa. A mesa parecia uma casinha de cachorro, eu me sentia abrigado lá embaixo!

Mas também adorava pular na cama de minha mãe gente para deitar ao lado dela, no quentinho. Tinha noites em que ela zangava comigo e me mandava descer, quando eu me espichava com as pernas estendidas e ocupava a cama inteira!

No entanto, nenhum lugar era melhor do que um colo! Não sei por que Shiva e mamãe Ágata não eram tão loucos por colo como eu sou… Meu colo preferido era o de minha mãe gente, mas os amigos da casa e os pacientes que mamãe gente atendia também tinham colos ótimos!

Eu gostava especialmente quando ela atendia os pacientes em grupo, naquela garagem onde eu ficava quando era pequenino. As pessoas se sentavam num círculo, cada uma numa cadeira, e eu as cumprimentava uma por uma: subia no colo de cada pessoa com minhas patas da frente, encostava minha cabeça em sua barriga, ficava um pouquinho, descia e ia cumprimentar a próxima pessoa, até faze-lo com todas.

Havia algumas pessoas, como a Cris que tirou foto comigo, que me pegavam inteiro no colo, e então eu abraçava seu pescoço ! Era muito gostoso. Só de ficar em pé e colocar minhas patas no braço das pessoas eu já me sentia contente. Ficando de pé dessa forma , aprendi como abrir as portas para entrar em casa: descobri que, colocando as mãos no trinco, ele se abaixava e a porta se abria!

sol-cris
Sol com 6 meses já me auxiliava nas Terapias de Grupo; ele escolhia para subir no colo e abraçar aqueles que estavam mais deprimidos naquele dia – não se enganava nunca. Abraçava-os da mesma forma que nesta foto, no colo da Cris.

Eu era pequenino, mas fui crescendo depressa! Logo, estava acompanhando minha mamãe Ágata nas correrias dela pelo quintal, às vezes com Shiva e Gaia, às vezes só nos dois.

Descobri que havia, num canto do quintal, uma pequena piscina onde a família humana tomava banho no verão. Como fazia muito calor quando eu corria, aprendi a pular dentro dessa piscininha e depois sair e me sacudir. Era muito engraçado quando eu espirrava a água nas pessoas, elas fugiam correndo como se estivessem com medo!

Também aprendi, com minha mamãe Ágata, a brincar de morder a água do esguicho quando minha mãe gente molhava as plantas ou lavava o quintal. Nós corríamos atrás do jato de água e o mordíamos. Ás vezes dava até para beber um pouco!

Aprendi a andar de carro com meu irmão e minha mãe humanos, e era muito gostoso, eu ficava com a cabeça fora da janela, tomando o vento na cara e sentindo uma porção de cheiros, de coisas diferentes que passavam voando pela janela!

Minha mãe gente, quando saía de carro, levava nós quatro, Gaia, Shiva, mamãe Ágata e eu, com ela. Não sei por que as pessoas que nos viam a chamavam de “louca”…
Nós gostávamos tanto de sair assim, todos juntos, passeando de carro… Podíamos latir para as coisas que víamos, e de vez em quando latíamos todos juntos, como se estivéssemos cantando. Não entendo porque alguns não gostavam…
Os vidros do carro ficavam tão lindos, todos molhados de nossa baba !

sol-agata
Com mamãe Ágata, aos 3 meses de idade

 

… em breve, tem mais!
Texto e fotos por Tereza Falcão


Você também pode gostar:

{"email":"Email address invalid","url":"Website address invalid","required":"Required field missing"}