fevereiro 19

A hora da despedida

10  comENTÁRIOS

Este é um assunto nem sempre muito bem vindo, porém, inevitável. Optamos por trazê-lo à tona esta semana, em homenagem ao primeiro aniversário de morte da cadelinha Shana, que inspirou este site, em 14 de fevereiro.

Antes de entrarmos mais a fundo neste assunto, ressaltamos que o mais importante, pelo bem dos próprios cães, é não nos deixarmos abater por um futuro que ainda não aconteceu, e sermos gratos pelo tempo que já tivemos com eles e pelo que ainda teremos, não importa quão curto ou longo este tempo seja. Cabe lembrarmos o comentário de Cesar Millan, ao cogitar a morte do seu inseparável companheiro Daddy: “como humanos, nós antecipamos as coisas, e nos tornamos emotivos nas horas erradas. É claro, cães têm emoções, mas eles não ficam emotivos antes que as coisas aconteçam. Por isso, não vou fazer isso na frente dele”.

Cadelinha Shana

A morte é algo inevitável, natural, inerente à vida. Para alguns, chega mais cedo, e para outros, demora mais. Para quem tem a sorte, o verdadeiro privilégio de ter um cão velhinho em casa, a proximidade da morte pode se tornar uma sombra que chega a deteriorar a qualidade de um relacionamento de tantos anos, e tornar a despedida ainda mais dolorosa. Temendo um fim próximo, muitos tutores começam a se afastar dos seus cães, ou mesmo privá-los de tratamentos médicos que poderiam dar a eles maior qualidade de vida, por acreditarem que “não compensa” o esforço, ou a despesa. Acreditam, desta forma, estarem se despedindo de forma gradual, se acostumando à ideia de não terem mais aquele cãozinho ali.

Como já colocamos várias vezes neste site, sabemos que nem todas as doenças têm cura. Mas isso não nos impede de tratar os animais que são acometidos por elas. Na etapa final da vida – que, para os nossos cães, é tão curta -, mais do que tentar curar doenças sabidamente incuráveis, devemos focar em proporcionar a melhor qualidade de vida possível. Isso significa, por exemplo: não só uma dieta saudável, mas que também agrade ao paladar do cão; usar medicamentos (claro, prescritos pelo veterinário) que não visem simplesmente à cura, mas também ao alívio da dor e do mal estar; e, principalmente, o fortalecimento do relacionamento entre o cão e seu tutor, proporcionando ao cão conforto e segurança.

Na hora de se iniciar um tratamento médico, é imprescindível discutir com o veterinário quais são as opções que serão menos danosas ao bem estar do cão, e mesmo se o sofrimento imposto por determinado tratamento será capaz de efetivamente trazer-lhe algum benefício. Todos queremos prolongar as vidas de nossos cães, isso é lógico, mas devemos ter em mente que nem sempre isto é o que eles querem, se isso significar apenas mais dor e sofrimento.

Chegamos, assim, à polêmica questão da eutanásia. Para quem não está familiarizado com o termo, eutanásia é o famoso “pôr para dormir”, ou, como era chamada antigamente, “sacrifício”. Eutanásia, no dicionário, significa “morte boa”, ou “morte sem sofrimento”. Considerada um tabu para humanos, é uma prática consolidada na medicina veterinária que visa (ou deve visar) ao alívio da dor e do sofrimento em animais, quando não há outras alternativas viáveis.

Se cogitar a possibilidade de morte de um “cãopanheiro” já é algo muito difícil, pior ainda é pensar na eutanásia. Os sentimentos se misturam, entre a vontade de aliviar a dor do animal, a dor de vê-lo partir, e a culpa por não ter tentado um pouco mais. Desnecessário dizer, a opção pela eutanásia é, para quem ama seu cão, a decisão mais difícil que um tutor pode precisar tomar.

Para aqueles que acham que, talvez, a eutanásia seja a única opção para os seus animais, é importante ter uma conversa franca com o veterinário a este respeito. Questione: já tentamos todos os tratamentos possíveis? existe a possibilidade de ele parar de sofrer? se ele sair desta crise, ele poderá voltar a ter prazer em viver? As vezes, as respostas a estas perguntas podem dar esperanças, e estas não devem ser jogadas fora. Se o tutor e o médico veterinário acreditarem que, ainda que pequenas, ainda existam chances de o cão melhorar, não tem porque não tentar. Infelizmente, entretanto, pode ser que as respostas sejam desanimadoras. Ao constatar que não há mais nada a ser feito que possa ajudar o cão, o tutor deve tomar a decisão conforme suas convicções pessoais.

Independente de a morte do animal chegar naturalmente ou pela eutanásia, a consciência de ter feito o que estava ao seu alcance é o que trará ao tutor a paz de espírito – e então, ele poderá não apenas chorar a morte do seu cão, mas celebrar a vida que tiveram juntos. Cada passeio, cada vacina, cada “desentendimento” e reconciliação; os momentos de alegria e de cumplicidade que apenas quem já amou um animal conhece, serão lembrados para sempre. Sem culpa, sem dor, apenas saudades…

A HOMENAGEM FINAL

Cada pessoa tem suas crenças, suas necessidades espirituais. Homenagear uma pessoa ou animal que partiu deste mundo faz parte de um processo de despedida, que, para muitos, ajuda a compreender e aceitar a morte. Então, surge a questão: o que fazer com o corpinho do meu bichinho que foi embora?

Existem algumas alternativas, entre as quais, deixar o corpinho na própria clínica veterinária, para que seja feita a destinação mediante o pagamento de uma taxa, ou chamar a prefeitura, para que venha buscá-lo gratuitamente. Nestes casos, o destino costuma ser o aterro sanitário.

Mas, para quem prefere prestar ao seu bichinho uma última homenagem, há ainda outras possibilidades, a exemplo do que é feito com humanos. Pode-se enterrar o corpinho no próprio quintal, fazendo até uma pequena cerimônia. Àqueles que não têm quintal, há ainda os cemitérios e os crematórios de animais. Os cemitérios são parecidos com os de humanos, com lápides e flores. Os crematórios podem prestar diferentes serviços, como a cremação individual ou coletiva.


Você também pode gostar:

  1. Dra, primeiramente parabéns por juntar a medicina com amor e bondade pelos animais, minha Nina irá completar 18 aninhos, inclusive muito parecida com a Shana, ela esta sofrendo com insuficiência renal/ cardíaca e hepática, a veterinária dela já informou q é irreversível, mas estamos dando todo tratamento(indicado pelo vet) e amor q ela merece, soro sub cutâneo diariamente, medicações,uma qualidade de vida,e muito amor, mas é inevitável q a dor em perde-la se antecipe, as vezes olho ela dormindo calminha me dá um aperto no coração, e choro sem q ela perceba, afinal de contas são quase 18 anos de convivência de muito amor, um dia conto aqui a história dessa minha companheira, mas enfim, é muito difícil lidar, mas com o coração aberto, e deixando de fazer coisas para mim para q não falte dinheiro para o tratamento e alimentação pra ela, cuidar de um animalzinho, para q ele seja feliz e saudável é sempre um custo muito grande, e qdo chega a velhice esses valores mais q dobram, pois sempre tive em mente, qlq animal q vc se responsabilize é um ser vivo, sente tudo q um humano, ele não é um objeto ou um ursinho de pelúcia, como muitas pessoas imaginam, compram/adotam sem ter ou querer cuidar com responsabilidades, perdão por me estender, mais uma vez, parabéns por exercer essa profissão não pelo status, e sim pelo amor bjkas.

    1. Muito obrigada pelos elogios, Rosi! E parabéns por cuidar tão bem da sua velhinha! Certamente só mesmo com muito amor e cuidado ela conseguiu chegar aos 18 aninhos! É triste e é inevitável sofrermos por antecipação, mas, por outro lado, precisamos nos lembrar de que, enquanto nossos velhinhos estão conosco, podemos e devemos aproveitar cada momento com eles – seja levando para passear, brincando, ou simplesmente com um aconchego no fim do dia <3
      Bjos!

      1. Verdade querida!!! minha Nina esta internada, agora com pancreatiti, a pressão não estabiliza ,somente com noradrenalina, mas o custo de internação já fugiu das minhas posses, e não consigo imaginar ve-la morrer em meus braços, desespero bateu 🙁 bjs dra.

  2. Nossa, qdo passamos por algo parece que td vem pra te fazer lembrar… Acabei de perder minha poodle com 18 anos.. Ela moreu ontem… Meu coraçao esta despedaçado mas estou conformada pois graças a Deus pude fazer tudo que estava ao meu alcance até seu ultimo suspiro em meu colo… Ha 3 semanas atras fraquejei e pensei muito em fazer a eutanasia pois ela estava praticamente em coma, nao tinha mais nenhuma reaçao… Mas nao tive coragem falei q ficaria com ela ate o fim… Rezei muito pedindo que Deus a levasse da melhor maneira possivel, sem sofrimento… E como um milagre ela teve uma melhora incrivel que durou 3 semanas… Ate voltou a andar (coisa que nao fazia ha 2 meses)… Durante esse periodo nao desgrudei dela um só minuto (trabalho em casa com artesanato, o que me possibilitou estar semore ai seu lado)… Nos ultimos 4 dias ela começou a ter uns ataques do coraçao, ficando totalmente sem ar, roxa… Cheguei a leva-la para tomar oxigenio e voltava pra casa… Mas as crises começaram a aumentar… Eu fazia respiraçao “boca a boca” e ela voltava a respirar… Era desesperador, mas conversava muito com ela, pedindo para que ela ficasse em paz e que ela podia partir que eu ficaria bem… Ela acabava se acalmando.. Ate que na madrugada de ontem ela teve 3 ataques seguidos ate q senti seu coraçaozinho parar… Foi um mixto de emoçoes… Saber que nao a teria mais ao meu lado, minha fiel companheira de todas as horas, me fez chorar muito mas ao mesmo tempo senti um alivio muito grande por nao ve-la mais passar por aquele sofrimento… Enfim, meu coraçao esta sangrando de saudade mas com a certeza do dever cumprido e de ter ficado ao seu lado ate o ultimo segundo de sua vida aqui na Terra.
    Descanse em paz meu amor!!!! Tenho certeza que qdo despertar aí no céu, vai encontrar alguem pra brincar de bolinha com vc, afinal era sua bruncadeira predileta.
    Te amarei pra sempre!!!! E fico aqui na certeza que um dia iremos nos reencontar.
    ❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️

  3. Dra Barbara; bom dia.
    Tinha três animaizinhos velhinhos em casa; um casal de gatinhos e uma cadelinha.
    Em 2017, os três se foram; quase que seguidos; ironia do destino. O último óbito foi a cadelinha em maio de 2017.
    Sofri muito; e agora começa a surgir a vontade de ter outo animalzinho…
    Porém, estou meio traumatizada, nenhum dos óbitos foi sem sofrimento. Como faço para superar o medo de uma nova perda ( que um dia será inevitável, lógico). Esse medo está me fazendo relutante de partir pra adoção.

    1. Olá, Ana Paula!
      Sinto muito pelas suas perdas… =(
      É normal se sentir assim, mas às vezes pode ser o caso de procurar auxílio profissional (como um psicólogo, por exemplo) para que consiga lidar melhor com o luto.
      Sobre a relutância em adotar um novo animalzinho, eu daria dois conselhos…
      O primeiro é: lembre-se de todos os momentos bons que você já teve com os seus bichinhos, por tantos anos, e pergunte-se se valeu a pena passar por tudo o que você passou, inclusive a dor da perda. Se pudesse voltar atrás, você preferiria não ter tido os seus gatinhos e a cachorrinha, para não ter que sofrer no final? ou faria tudo de novo? a maioria das pessoas certamente não se arrepende de ter tido um animalzinho, por mais que a sua partida tenha sido dolorosa. Então, se pararmos para pensar, podemos deduzir que o mesmo acontecerá se adotarmos um novo gatinho ou cãozinho. Você terá anos e anos para curtir e amar o seu novo bichinho, e cada segundo valerá a pena.
      E o segundo conselho é: não se precipite na nova adoção. Faça isso somente quando já tiver superado as suas perdas. Isso porque muita gente se apressa em adotar um novo cãozinho ou gatinho assim que perde o seu, como se estivessem tentando substitui-lo. E a verdade é que aqueles que partiram jamais serão substituídos. O que acontece na prática é que as comparações se tornam inevitáveis, e as vezes o tutor se frustra ou rejeita o novo animal porque ele não é igual ao que partiu e não cumpre o seu papel como “substituto”. Mas isso não significa que ele não seja totalmente merecedor de receber amor e carinho, certo? Então, melhor esperar o seu coração estar pronto para receber um novo amor 😉

  4. Ola dra Barbara! meu cao faleceu com prob de coracao..e faleceu dentro de uma clinica veterinaria e eu nao tive acessoa ele..queria ter tido mais estar perto dele..foi horrivel..ate hoje penso nisso…nao seria certo deixar o cao ver sua dona, j a sabendo q ele iria falecer?

    1. Olá, Annik! Sinto muito pela sua perda… =(
      Quando é feita a eutanásia, o tutor tem sempre o direito de estar ao lado do seu cão se assim desejar. Já nos casos de morte natural, temos o problema de não saber o momento exato em que isso acontecerá. Até porque, na maioria das vezes, o profissional tenta manter o cão vivo até o último momento.
      Sem dúvida, o tutor deve ter direito a visitar o seu cãozinho internado… porém, é normal (e até necessário) as clínicas determinarem horários para visitas para não perturbar a rotina do internamento e mesmo o sossego dos animais que estão em recuperação, já que eles tendem a ficar agitados quando entram pessoas no local.
      Em alguns casos, quando se percebe que a morte será inevitável, o tutor pode até ser chamado para se despedir do seu cão… Mas é complicado fazer isso se o profissional não tiver certeza absoluta de que o animal irá falecer =/

Comments are closed.

{"email":"Email address invalid","url":"Website address invalid","required":"Required field missing"}