Muitos leitores nos perguntam sobre o uso da ozonioterapia para cães, qual o seu uso, e se funciona mesmo. Vamos entender, então, do que se trata este procedimento:
O que é ozonioterapia?
O nome é estranho, e lembra… Camada de ozônio? é isso mesmo?
Pois é, ozonioterapia é o nome de um tipo de terapia que usa um gás chamado ozônio (o mesmo que existe na camada de ozônio) com o objetivo de ajudar no tratamento de diversas doenças. O ozônio é formado por três átomos de oxigênio (O3), diferente do oxigênio que respiramos, que possui apenas dois (O2).
Como o ozônio é um gás muito instável, ou seja, ele “se desmancha” rapidamente e com muita facilidade, ele deve ser preparado no momento do uso, a partir de oxigênio medicinal. O ozônio medicinal é uma mistura que contém 5% de ozônio e 95% de oxigênio.

Imagem: Mama Mia
Para que serve a ozonioterapia?
A ozonioterapia vem sendo indicada para o tratamento de diversas afecções, inclusive:
- Para acelerar a cicatrização de feridas infeccionadas;
- Artrites e artroses
- Como coadjuvante no tratamento do câncer;
- Doenças autoimunes;
- Diabetes;
- Infecções em geral (bacterianas, fúngicas ou virais);
- Discoespondilite;
- etc.
Como ela funciona?
Se, por um lado, os benefícios dos antioxidantes são amplamente reconhecidos, por outro, a aplicação do ozônio pode parecer um tanto quanto contra intuitivo. Já mencionamos que o ozônio é instável… e, quando ele se “desmancha”, o que ele causa? oxidação! Exatamente aquilo que tentamos evitar quando usamos antioxidantes.
Este mecanismo de oxidação é justamente o responsável por eliminar fungos, bactérias e vírus de forma bastante eficiente, e acredita-se que tenha o mesmo efeito também sobre células cancerosas. Mas, em tese, isso não afetaria negativamente também o organismo do animal?
Pois bem, a ozonioterapia se propõe a funcionar quase como uma “vacina”: ao se aplicar uma dose controlada de um agente oxidante no organismo (o ozônio, no caso), então, serão estimulados os mecanismos antioxidantes naturais do corpo. Ao estimular tais funções, estimula-se também a imunidade e a defesa do organismo, com efeitos antiinflamatórios e analgésicos.
O ozônio pode ser aplicado por diversas vias: tópica (diretamente sobre a pele), parenteral (na veia ou intramuscular), através da auto-hemoterapia, e até mesmo por insuflação no reto, vagina, ou uretra. Se inalado diretamente, pode ser tóxico e levar à morte, razão pela qual são feitos preparados especiais com óleo vegetal para o tratamento de doenças respiratórias.

A insuflação retal é um dos métodos de aplicação da ozonioterapia.
Imagem:Paws Matter
A ozonioterapia pode ser perigosa ou fazer mal ao meu cão?
A ozonioterapia é contraindicada para animais muito idosos, ou que sofram com hipertireoidismo, anemia, hipoglicemia, ou deficiência de G6PD eritrocitária. Os defensores da técnica alegam que, para os demais casos, o tratamento é totalmente seguro e praticamente sem riscos de reações adversas.
Por outro lado, existem relatos de casos de problemas hepáticos e até mesmo de mortes relacionadas ao uso da ozonioterapia. A aplicação excessiva ou incorreta do gás por via endovenosa (nas veias) pode causar embolismos, e, consequentemente, a morte. Por esta razão, somente pode ser aplicada por profissionais bem treinados.
Nos Estados Unidos, a FDA (Food and Drug Administration, órgão equivalente à ANVISA no Brasil) baniu o uso da ozonioterapia desde os anos 40, sob o argumento de que a terapia é ineficaz e perigosa. Em contraste, a Alemanha, a Itália, a Suíça, a Grécia, a Rússia e Cuba reconhecem a eficácia do tratamento e o utilizam regularmente em humanos desde os anos 50.
No Brasil, não há regulamentação favorável ou contrária ao seu uso. Os profissionais que fazem uso desta técnica são orientados a solicitar de seus pacientes/ clientes a assinatura de um “Termo de Consentimento Informado para Tratamento Médico com Ozônio Medicinal” (ozonioterapia), deixando clara a ciência do interessado de que o procedimento é considerado “experimental”.
A ozonioterapia funciona mesmo?
Ainda não há evidências científicas suficientes para comprovar ou contestar a eficácia e a segurança da ozonioterapia. O que existem são relatos de caso que demonstram um aparente sucesso no uso do tratamento.
Caso o tutor opte por realizar este tipo de procedimento, é fundamental que procure um profissional com experiência, e também que se tenha ciência de que não há garantia de resultados. A ozonioterapia, quando utilizada, deve ser vista como um “adjuvante”, ou seja, um complemento ao tratamento tradicional, não devendo substitui-lo.