setembro 12

Como está a qualidade de vida do seu cachorro? HHHHHMM …

6  comENTÁRIOS

Quando um cão tem uma doença dolorosa ou crônica e incurável, é inevitável que os tutores passem a se questionar a respeito da qualidade de vida do seu animal. Ele está sofrendo? Sente muita dor? Será que está chegando a hora de ele partir?

Falar sobre eutanásia é sempre algo assustador, quase um tabu. Ninguém quer nem lembrar que isso existe, até que, em algum momento, surge o dilema avassalador. Mesmo pessoas que sempre consideraram a ideia da eutanásia como algo abominável podem mudar de ideia quando veem os seus animaizinhos sofrendo intensamente sem que os tratamentos consigam ajudá-los. Ou, no mínimo, a ideia deixa de parecer tão absurda assim.

Do outro lado, aquelas pessoas que sempre foram favoráveis à eutanásia passam a se questionar: mas será que seria apropriada para o meu animal? Será que está na hora? Se o meu cão pudesse falar, qual seria a opção dele?

Imagem: Pet Finder

Seja como for, a decisão é difícil e dói. Mas é possível torná-la um pouco mais objetiva.

A Escala HHHHHMM

A escala “HHHHHMM” de qualidade de vida foi desenvolvida nos Estados Unidos pela médica veterinária Alice Villalobos. Esta escala tem o objetivo de ajudar os tutores a avaliarem, da forma mais objetiva possível, como está a qualidade de vida do seu animalzinho, e se estão realmente conseguindo ajudá-lo com os cuidados que vêm sendo prestados – sejam eles cuidados paliativos ou o tratamento em si.

Como se pode deduzir pelo estranho nome, “HHHHHMM” é um acrônimo, que vem do inglês: Hurt (dor), Hunger (fome), Hydration (hidratação), Hygiene (higiene), Happiness (alegria), Mobility (mobilidade) e More good days than bad days (mais dias bons do que ruins). O tutor deve dar notas a cada uma destas variáveis, e, ao final, terá uma nota que o ajudará a tomar a decisão de prosseguir ou não com os cuidados paliativos ou o tratamento. Conheça abaixo a tabela, em adaptação livre para a língua portuguesa (veja o original aqui: :

 

A escala de qualidade de vida HHHHHMM foi originalmente publicada no livro “Canine and Feline Geriatric Oncology: Honoring the Human-Animal Bond”, por Alice Villalobos. Esta é uma adaptação livre para a língua portuguesa, somente para fins informativos. 

Escala de Qualidade de Vida (HHHHHMM)

Os tutores podem usar esta escala para determinar o sucesso dos cuidados paliativos. Dê notas ao paciente, usando uma escala de 0 a 10 (10 sendo a condição ideal).

Escore

Critério

0-10

Hurt (dor): o controle adequado da dor e a habilidade de respirar bem devem ser a preocupação principal, e estão acima de todos os outros critérios. A dor do cão parece estar sob controle? O cão consegue respirar normalmente? Ele precisa receber suplementação com oxigênio?

0-10

Hunger (fome): o cão está comendo o suficiente? Ele precisa de ajuda para conseguir se alimentar? Ele precisa de um tubo de alimentação?

0-10

Hydration (hidratação): o cão está bem hidratado? Para pacientes que não consigam beber água o suficiente, pode ser necessária a aplicação de fluidos subcutâneos.

0-10

Hygiene (higiene): o cão deve ser mantido escovado e limpo, especialmente depois de fazer as necessidades. Previna escaras de decúbito usando uma caminha macia, e mantenha todas as feridas limpas.

0-10

Happiness (alegria): o cão demonstra prazer e interesse? Ele responde a familiares, brinquedos, etc.? Ele parece deprimido, solitário, ansioso, entediado ou assustado? A cama do cão poderia ser movida para um local mais próximo de onde a família passa a maior parte do tempo?

0-10

Mobilty (mobilidade): o cão consegue se levantar sem ajuda? Ele precisa do auxílio de um humano ou acessório (carrinho, por exemplo)? Ele tem vontade de passear? O cão apresenta convulsões, ou se desequilibra? (alguns tutores consideram a eutanásia preferível à amputação, mas um animal com mobilidade reduzida porém alerta e responsivo pode ter boa qualidade de vida, contanto que os tutores se dediquem a ajudá-lo).

0-10

More good days than bad (mais dias bons do que ruins): quando os dias ruins são mais frequentes do que os dias ruins, a qualidade de vida pode estar comprometida. Quando um elo saudável entre humano e cão não é mais possível, o tutor deve estar ciente de que o fim está próximo. A decisão pela eutanásia deve ser tomada se o cão estiver sofrendo. Se a morte vier pacificamente e sem dor, está tudo bem.

*Total

* Um escore final acima de 35 pontos indica uma qualidade de vida aceitável para se prosseguir com os cuidados paliativos.

É interessante que esta avaliação seja refeita periodicamente, para que se consiga perceber, de forma mais objetiva, como o cão está respondendo aos cuidados que vêm sendo prestados, e se está havendo um declínio na sua qualidade de vida.

Independentemente do resultado obtido com esta avaliação, cabe lembrar que a decisão quanto à eutanásia é “pessoal e intransferível”. Caso não se sinta confortável com o conceito da eutanásia, ou, se acreditar que, mesmo com um escore ruim, ainda não está na hora, você não é obrigado a fazê-la. A escala é somente uma ferramenta para auxiliar os tutores. Se precisar de mais informações para ajudá-lo nesta difícil decisão, veja os meus outros artigos sobre o tema: “Aquela palavra com E…” e “Eutanásia: O que o animal sente?”.


Você também pode gostar:

  1. Nos quatro primeiros quesitos meu labrador é 10. Já nos três últimos o score é preocupante: 4 para a alegria e mobilidade e 5 para o último, dias bons e ruins estão equilibrados. Tratando da mobilidade, acredito que volte a ser aquele agitador contumaz de rabo. Já para os dias em que alterna dias bons e maus é seguir cuidando e amando, mesmo com o coração apertado…

    1. Olá, Penha!
      É isso aí, infelizmente, conforme os nossos cãezinhos vão ficando mais velhinhos, começam a ter certos problemas que comprometem a sua qualidade de vida. É triste vê-los assim, mas, ao mesmo tempo, é neste momento mais delicado da vida em que muitos de nós se tornam muito mais ligados aos nossos animais e às suas necessidades. Com os devidos cuidados e muito amor, é possível tornar esta fase mais tranquila para todos.
      Tudo de bom para você e o seu cãozinho!

  2. Não conhecia esse método. Muito interessante, dessa forma nos auxilia a avaliar qual o momento certo de deixar nosso filho de 4 patas partir. Tenho um cão idoso, mas ele ainda é super ativo.

  3. Muito bom ter parâmetros para mensurar qualidade de vida. Minha maior ansiedade é que meu peludo não sinta dor. Meu objetivo é que meu melhor amigo não conheça o sofrimento, ou o sinta por um período muito breve de tempo. Aproveitando para agradecer todo apoio que Meu Cão Velhinho tem me dado, nos últimos tempos, com tanta informação relevante.

Comments are closed.

{"email":"Email address invalid","url":"Website address invalid","required":"Required field missing"}